A troco de falsas promessas um arménio gentio acabara de
trair os seus, sinalizando o ponto fraco das defesas da cidade.
– Avancem... – Gritou Edmundo de Molino. – Trucidem todos os
que encontrarem.
Os cruzados transpunham agora as muralhas de Antioquia,
sobre um céu escuro como breu e apenas salpicado de estrelas.
Estavam na primeira noite de Lua Nova.
Homens sedentos de sangue e vingança, fruto de oito longos
meses de cerco, avançavam pela cidade, aniquilando todas as vidas que
encontravam pelo caminho. Os cascos dos cavalos faziam-se ouvir nas pequenas
ruelas criando choque e pavor por entre a população. A carnificina era total.
Corpos mutilados e já sem vida jaziam pelo chão trespassados
pelas lâminas das espadas cruzadas. Gritos de pranto e misericórdia ecoavam por
toda cidade.
Em vão. Tudo era feito em nome de Deus.
Proclamavam-se de os verdadeiros cristãos, milhares de
homens convictos da sua fé. Indiferentemente da idade, fé ou sexo todos foram
massacrados sem excepção.
O sol começava a raiar no horizonte quando tudo terminou.
Um silêncio sepulcral instalou-se. A matança estava
consumada.
Cerca de vinte e cinco mil almas tinham perecido naquela
noite.
Estavam a dois de Junho de 1098, aquela que seria uma das
páginas mais negras da história da cristandade.
A carnificina fora de tal modo violenta que o sangue
escorria pelas ruelas como se de água se tratasse. (…)
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In “O Herdeiro de Antioquia”, a obra de estreia de Paulo
Costa Gonçalves
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